Após vinte quilômetros depois, Júlio parecia estar exausto, até que finalmente encontramos não um hotel e sim um lindo sítio em um vale, banhado por extenso lago com as águas claras.
- Júlio, vamos parar ali pra pedir alguma informação.
- Vou sim, eu também estou cansado, preciso descansar um pouco.
Descemos do carro o logo vimos um senhor com um jeito simpático e bem alegre, parecia viver só naquele lindo lugar.
- Olá desculpe-nos pela invasão, mas estamos procurando um hotel ou posto de reabastecimento, o senhor saberia me informar onde podemos encontrar?
- Olha meu jovem por aqui você não vai encontrar nada, só á trinta quilômetros.
- Ah não Brian, vamos voltar pra casa não aguento mais estou muito cansado.
- Calma Júlio! Olha moço será que nós não podemos passar a noite aqui e pagar uma diária?
- Claro, mas não precisa pagar não, eu moro só.
Com o passar das horas fomos descobrindo mais sobre aquele homem, seu nome era Mateus, não tinha filhos nunca fora casado, decidiu se isolar de tudo.
- Eu fui um tolo, sempre fiquei procurando o amor perfeito, quando eu tinha 17 anos eu encontrei o cara mais fascinante da minha vida, o que eu vivi com ele foi mágico nós ficamos juntos até os meus 20 anos, mas eu pensava que eu merecia mais, queria um homem lindo e perfeito, foi ai que eu decidi deixa-lo e fui embora para Londres, mas eu nunca achei o que eu realmente procurava, foi então, já com 40 anos de idade, que eu voltei pra cá passei dez anos procurando ele, mas já era tarde ele já estava morto, parece que meu mundo se foi junto ao amor que eu sentia por ele.
- Nossa que história em Mateus, por incrível que pareça o Brian está seguindo esse mesmo caminho! Dou um dolorido beliscão na perna de Júlio, que grita.
- Então meu jovem em que sua história se assimila com a minha?
- Bom apenas no fato de que eu estou procurando meu namorado, ele sumiu não sei o que houve com ele.
- Que tal tomarmos um bom vinho para esquecermos as mágoas em?
- Opa! Estou dentro e você Brian?
- É claro!
Aquele resto de dia foi fantástico, fazia um bom tempo que eu não me divertia tanto, Mateus parecia estar feliz com a nossa presença, ele até tentou fazer o papel de uma Drag Queen, mas não teve muito sucesso. No dia seguinte acordo tarde e olhando para o lado e vejo Júlio babando feito uma criança, mas não vejo Mateus pela casa, até que resolvo procura-lo em seu quarto lá estava ele deitado, mas ele parecia estranho, resolvo acordar Júlio para vermos o que aconteceu com ele.
- Júlio acorda, acorda anda!
- O que foi Brian? Estou com sono!
- É sério o Mateus está deitado na cama, mas ele está estranho.
- Será que aconteceu alguma coisa com ele?
Vamos em direção á ele, Júlio tenta o acordar, mas é tudo em vão, ele estava morto, e junto á seu corpo uma carta que dizia.
“Meus amigos vocês me trouxeram o que eu nunca pude achar em ninguém, essa curta amizade foi o bastante para que eu possa ver como a vida pode ser bela quando nós temos alguém com quem compartilhar nossas tristezas ou alegrias, quando estamos sós tudo parece ser mais dolorido até mesmo nossas lágrimas ao percorrer nossa face e Brian não cometa o mesmo erro que eu, pare de procurar um amor tão distante e inserto quando o mesmo pode estar ao seu lado”.
Essas foram às palavras de Marcos para nós, começo a perceber que talvez minha história com o Pietro já estivesse chegado ao fim, Júlio me abraça forte, não consigo segurar as lágrimas e ficamos ali um bom tempo até o IML, polícia chegarem e constatarem que a morte foi natural.
Naquele mesmo dia voltamos para casa, à morte do Mateus me fez repensar meus objetivos, cada dia mais eu estava mais próximo ao Júlio, mas ainda não conseguia tirar o Pietro da minha cabeça, resolvo passar um tempo em Portugal, já nas férias escolares vou para um apartamento que minha mãe tinha na capital, sozinho em país distante e ao mesmo tempo sozinho com minhas mágoas, resolvo caminhar um pouco, fora ai que vejo tão maravilhoso quanto assombroso. Não podia acreditar que era ele, mas o que o Pietro estava fazendo ali? O pior ainda estava por vir vejo meu pai se aproximando dele, era como se tudo que eu acreditasse fosse mentira, mas era uma grande traquinagem do destino.
- Pietro! Ele me olha de um jeito ofuscante.
- Brian!
- O que você está fazendo aqui com meu pai?
- Olha Brian, seu pai me ofereceu um bom emprego aqui e eu aceitei.
- Como assim, você sabe o que ele fez comigo?
- Sei, mas olha foi para o seu bem, eu me enganei em relação nós dois, eu quero crescer na vida, então, por favor, não me procure mais ok! Essa foi a condição que seu pai me deu para que eu possa continuar trabalhando com ele.
- Então tudo que a gente teve foi... Mentira?
- Eu gostei sim de você, mas não te amava tanto quanto você me amava, entende? Agora eu tenho que ir tchau!
Eu ainda estava confuso, não sabia quem era o mais cafajeste de toda aquela história, se era meu pai, ou aquele que fora meu primeiro e verdadeiro amor. Começo a caminhar sem rumo, não conseguia ver nada há minha frente, até que avisto o rio Tejo, minha vida não tinha mais sentido algum, ser traído por duas pessoas com tal valia em sua vida não é fácil. Subo em uma mureta de proteção, fico ali em pé esperando a coragem cair sobre mim, mas ela não vem, até que alguém me puxa de lá, só assim consigo sair daquele transe que me levava para o fundo das águas. Voltando para casa, acabo errando o caminho e indo parar em uma área perigosa da cidade, mal sabia que eu que meu dia não acabaria ali, estava descontente com tudo nada mais tinha importância, avisto um homem, parecia ser um usuário de drogas, ele começa a me seguir por todas as vielas daquele lugar, começo a correr, mas não parecia ser o suficiente, pois ele era muito mais rápido, me agarra com força e me arrasta para um quarto escuro, sem reação tento me desvencilhar por vezes, mas sem sucesso e sem ânimo, para sobreviver entrego-me, aquele homem suado, porem bem vestido, começou a me beijar, sua língua áspera passava por todo meu corpo, eu já sentia fortes náuseas, mas ele ainda não havia acabado, penetrou-me sem nenhum tipo de cerimônia, nesse instante não aguento e desmaio.
Abro meus olhos vejo um monte de crianças em minha volta, sinto-me estranho, começo a me lembrar do que aconteceu, estava desnudo perante aquelas pessoas, meu rosto fica corado tento levantar-me, mas eu estava muito machucado, todos os meus pertencem haviam sidos roubados, caminho lentamente em direção ao prédio onde estava, vejo Júlio chegando com uma mala grande, solto um pequeno sorriso de lado, tento chama-lo, mas minha voz e meu corpo não aguentavam mais nada, finalmente ele me avista, machucado caminhando lentamente, ele corre em minha direção, menciona me levar para um hospital, mas prefiro ficar em casa, a noite estava fria, acordo e vejo que Júlio estava dormindo em uma poltrona do meu lado.
- Júlio acorda!
- Desculpe-me se eu te acordei.
- Não foi isso, deite-se na cama é melhor.
- Tudo bem.
Sinto nesse instante que o amor que Mateus se referia pudera ser o Júlio, me sentia protegido e amado ao lado dele, ele se deitou comigo na cama, era tão bom sentir seu cheiro, eu estava feliz por ter mais que um novo amor e sim um grande amigo e companheiro.
- Ei... Acorda Brian, nós temos que ir para o aeroporto.
- Sério, estou cansado, fica mais aqui comigo vai.
- Tá bom... Mas depois eu quero uma recompensa por isso em.
- O que?
- Um sorriso, bem lindo que só você sabe fazer.
- Ai como você é bobo em, mas antes nós tempos que passar na delegacia depois no hospital para fazer os testes de HIV.
- Você tem razão.
- Eu estou com medo, disse o garoto que tremia ao pensar que sua vida pudera ser manchada depois daquele incidente.
Fica calmo vai ficar tudo bem, nesse instante Júlio encara Brian de uma forma carinhosa e se aproxima da boca do rapaz, o perfume de Brian era doce, e aquilo o deixava em completo transe. Cada vez mais perto já podia sentir o hálito fresco de Brian que nesse instante...